Sobre
Marku Ribas
Biografia completa:
Marku Ribas
Marco Antônio Ribas (Pirapora, Minas Gerais, 1947 - Belo Horizonte, Minas Gerais, 2013). Compositor, cantor, instrumentista e ator. Estréia como baterista e cantor no grupo Flamingo em 1962. Em 1967, vai para São Paulo com o amigo e parceiro Deo e juntos lançam o LP Deo & Marco, pela gravadora Continental. No mesmo ano, participa do 2º Festival Internacional da Canção (FIC), no Rio de Janeiro, com a música Canto Certo.
Anos depois, rebatizada de Alerta Geral e gravada por Alcione, a canção dá nome a um programa televisivo apresentado pela cantora. O teor crítico dessa letra incomoda o governo militar e é censurada. No ano seguinte, a música Nunca Vi também é censurada e, em outubro de 1968, provoca a prisão de Marco Antônio Ribas, ou Marku Ribas, que se exila em Paris. Na capital francesa, monta o grupo Batuki e participa como ator dos filmes Quatre Nuit D'une Revêur, 1969, de Robert Bresson, e Revolution, 1970, de Jean-Marc Tibeau, no qual interpreta o líder comunista brasileiro Luiz Carlos Prestes.
Muda-se para Martinica, no Caribe, e, em 1973, visita o Brasil, onde grava o LP Underground, que traz a faixa Zamba Ben, feita em homenagem ao político revolucionário argelino Ben Bella, principal nome da luta da independência da Argélia.
Participa do videoclipe de Just Another Night, do cantor de rock inglês Mick Jagger, gravado no Rio de Janeiro, em 1984. Dois anos depois, em Paris, grava como percussionista a faixa Back to Zero, do álbum Dirty Work, dos Rolling Stones, banda de Jagger, embora não esteja creditado no disco. Atua nos filmes Exu-Piá, Coração de Macunaíma, 1987, de Paulo Veríssimo; Uma Onda no Ar, 2002, e Batismo de Sangue, 2007, ambos de Helvécio Ratton; Chega de Saudade, 2008, de Laís Bodanzky; e Lula, o Filho Brasil, 2009, de Fábio e Luiz Carlos Barreto.
É lançada a coletânea Zamba Ben, em 2007, com seleção de repertório feita pelo cantor Ed Motta, admirador da obra de Marku Ribas. Grava, pelo Itaú Cultural, seu primeiro DVD, 60 Anos de Vida, 45 de Arte, em 2008.
A principal característica da música de Marku Ribas é o diálogo entre gêneros e estilos musicais. Filho de pai negro e mãe descendente de índios caiapós, Ribas tem influência da cultura do povo mestiço de índios e africanos presente no norte de Minas Gerais. A cidade em que nasce, Pirapora, às margens do Rio São Francisco, é um sítio arqueológico ancestral chamado Cariri-Makú. A partir de 1969, o artista escolhe o nome artístico "Marku", com "u", para homenagear essa tribo e confirmar a influência indígena em sua formação artística. Ribas diz que sua herança cultural se baseia na história das pessoas antigas de sua terra de origem e se autointitula um "barranqueiro da gota", por representar a cultura barranqueira do Rio São Francisco, como mostra nas músicas Zi Zambi e Barrankeiro.
Em sua obra estão presentes ritmos brasileiros, como o samba, elementos afros do Caribe e diversas outras tendências, que ouve em casa desde pequeno, principalmente do pai, um médico amante das artes. Ribas é um dos principais propagadores do gênero batizado de samba-rock e um dos pioneiros na fusão do samba com outros gêneros, como o reggae, em Meu Samba Regué, de 1976.
Essa diversidade é notada em seu primeiro disco, Underground, de 1972, com referência a terreiros de umbanda (Pacutiguibê Iaô), influências de sua estada na Martinica (Matinic Moins) e uma verve latina com guitarras que remetem ao guitarrista mexicano Carlos Santana (Orange Lady). O álbum traz sua música mais popular, Zamba Ben. Nos anos 2000, com a retomada do samba-rock, essa música volta a ser executada, na versão original, em regravações e remixadas por DJs, como a versão produzida pelo DJ TC. Ribas começa, então, a despertar interesse de uma nova geração. Em 2001, o grupo Clube do Balanço o convida a cantar no disco Swing & Samba-Rock. Participa do disco Bambas & Biritas, do músico e produtor Bid (ex-Funk como Le Gusta), na faixa Fora do Horário Comercial. O rapper Marcelo D2, em seu segundo disco solo, À Procura da Batida Perfeita, utiliza um sample de Zamba Ben na música A Maldição do Samba.
Zamba Ben traz ainda uma marca do canto de Marku Ribas, utilizando a voz como instrumento ao substituir as palavras por sons onomatopaicos, sem letra - técnica de canto conhecida como scat. No entanto, é justamente pelas críticas contidas em algumas de suas letras que Marku Ribas é forçado pela ditadura militar a sair do Brasil. É acusado de emitir mensagens panfletárias com a música Alerta Geral ("Como viver calado, se também sofro as dores da situação? / Cada dia tá mais difícil de cantar (...) / Vamos fazer nossa revolução / Por que chorar, chorar pra quê? / Quem tem consciência pesada é você") e Nunca Vi ("Nunca vi país democrata ter tanto rei / Tanto rei, tanto rei, rei do rock, do samba, da bola / Enquanto isso, outra criança chora / E o palácio anuncia outro rei"), resultando na censura, em prisão e, consequentemente, no exílio.
Essa trajetória errante colabora para Marku Ribas ficar tanto tempo à margem na música brasileira, apesar de sua relevante contribuição para a história da música negra nacional dos anos 1970, ao lado de nomes como Jorge Ben, Tim Maia, Cassiano, Carlos Dafé, Banda Black Rio e Gerson King Combo.
Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18469/marku-ribas
"Sou percussionista, compositor e conheço a arte do canto, meu timbre de tenor é coisa rara. Faço tudo em respeito ao público. Quero elevar o conhecimento dele sobre a minha música para quando forem me assistir sintonizarem com a proposta. Não tenho a presunção de agradar,
eu e ele (público) naquela noite, estamos fazendo o show juntos!"
Marku Ribas
Discografia
Déo e Marco (1967)
Underground (1973)
Marku (1976)
Barrankeiro (1978)
Cavalo das alegrias (1979)
Mente e coração (1980)
Marku (1983)
Autóctone (1992)
Box 50 ANOS (1997)
4 Loas (2010)
+ Samba (2013)
Algumas Participações/Discografia:
- Hugues Aufray – Barclay, França/1970
- Frida Bocarra – Barclay, França/1970
- Liquid Rock – Hit Parade Martinica, Caribe/1972
- Tim Maia e Convidados – Copacabana/1977
- Emílio Santiago, Alcione, Jair Rodrigues – Philips/1977
- Sebastião Tapajós – Claus Schreiner Produções/1978
- Maurício Einhorn - Claus Schreiner Produções/1979
- Chico Buarque – “Ópera do Malandro” /Philips/1979
- Chico Buarque – “Vida” /Philips/1980
- Quando fui morto em Cuba – Trilha da vídeo-peça de Roberto Drummond / 1983
- Mick Jagger – “She's the boss” / 1984
- Zé Côco do Riachão – “Vôo das Garças” / Trem da Historia / 1987
- Rolling Stones – “Dirty Work” – EMI (França)/1985
- Festival Carrefour de MPB – Produção Zuza Homem de Melo/ 1991
- Clube do Balanço – Regatas/2001
- Marcelo D2 – “Hip-Hop-Rio” /2002
- Zippados – “Linha de Montagem” /2002
- Conexão Telemig Celular/2002
- Marcelo D2 - "A procura da batida perfeita" - SONY-BMG/2003
- Alabê de Jerusalém – Peça em DVD de Altair Veloso, RJ/2003
- CD “Ecos do São Francisco”, Salvador/2003
- Coletivo Universal - 2004
- Tribo Caiopó – (com Gilberto Gil, Hermeto Pascoal, entre outros) / 2004
- Marcelo D2 - "MTV ao Vivo" - SONY-BMG/2005
- Bid - "Bambas & Biritas" - MCD/2005
Filmografia
Revolution, de Jean-Marc Tibeau (1970)
Quatre nuit d’une revêur, de Robert Bresson (1970)
Exu-Piá, coração mágico de Macunaíma, de Paulo Veríssimo (1980)
Uma onda no ar, de Helvécio Ratton (2001)
Batismo de sangue (2006), Helvécio Ratton
Chega de saudade (2007), Laís Bodansky
Nova Bandeira Para a Nação - Paulo Marcelo do Vale (2009)
Boa Sorte Meu Amor - Daniel Aragão (2012)
Obra - Gregorio Graziosi (2014)
Principais Espetáculos no Brasil:
- “Teatro Nacional de Paris” - Marku e Batuki, com vários artistas, Paris.
- “Teatro Muftart” - Marku e Batuki, Paris, 1970.
- “Premier Festival De Belle-Isle en Mer” - Marku e Batuki, Bretangne, França.
- “Hilton Hotel” - Marku e Los Martiniquenhos, Bas-Terre, Ilha Guadalupe, Caribe.
- “Hilton Hotel” - Marku e Los Martiniquenhos, Fort-de-France, Ilha Martinica, Caribe.
- “Tumbelê” - Fort-de-France, Ilha Martinica, Caribe.
- “Queen Elizabeth Hotel” - Montreal, Canadá.
- “Water Lake” - Toronto, Canadá.
- “Grande Hotel de Rímini” - Rímini, Itália.
- “Teatro Cine Olímpia” - Marku e Liquid Rock, Fort-de-France, Ilha Martinica, Caribe.
- “Tam-Tam” - Marku e Liquid Rock, Fort-de-France, Ilha Martinica, Caribe.
- “Show James Brown” - abertura com Marku e Liquid Rock, Ilha de Barbados - Caribe.
- “Haya Hotel” - Viejo San José, Puerto Rico.
- “Hacyone Days” - Castries, Sant Lucia- Caribe.
- “Tamanaco Hotel” - Caracas, Venezuela.
- “Brazilian Scandals” - Miami, Flórida, EUA.
- “American Tour” - cinco cidades dos EUA e Palais Sports, Paris.
- “Teatro Karl Marx e Nacional de Angola” - Luanda, Angola.
- “Independência da Namíbia” – Estádio de Windouek, Namíbia.
- “Festival Internacional de Jazz de Angola” - Luanda, Angola.
- “Dade Community College” - Miami, Flórida, EUA.
- “Talkhouse” - Miami, Flórida, EUA.
- “Charle’s B” - New Orleans, Louisiania, EUA.
- “Teatro Romulo Gallegos” - Caracas, Venezuela.
- “Festival Itinerari Folk” – participações Júlia Ribas, Gilson Silveira e Kal dos Santos,Trento, Montana e Roveretto, Itália.
Principais Espetáculos fora do Brasil:
- “Cruzeiro do Sol” - Teatro Casa Grande, participação Zizi Possi, Rio de Janeiro.
- “Brasil com Z” – Teatro Cine-show Madureira, participações de Erasmo Carlos, Cia. De Ballet Rosane Maia, Grupo Mel, Capoeira Mestre Peixinho, Rio de Janeiro
- “Marku e Bandapora” - Praia do Pepino, A cor do som, Pepeu Gomes, Baby Consuelo e Morais Moreira, Rio de Janeiro.
- “Projeto Mercado Novo” – (10 capitais do Brasil).
- “Barca das Sete” - Sivuca, Niterói, RJ.
- “Projeto Pixinguinha”, Moreira da Silva e Jards Macalé - Belo Horizonte, MG,.
- “Consagração da Realeza” - Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG.
- “Projeto Pixingão” – Sala Funarte, Rio de Janeiro, RJ.
- “Centenário da Abolição” - PUC Minas, Belo Horizonte, MG.
- “Marku Ribas e Renato Andrade” - Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG.
- “Markunaíma” - Teatro SESI / MG
- “Festival Internacional da Bahia” - Teatro Maria Bethânia e Zouc Santana, Salvador, BA.
- “Autóctone” – Show de Lançamento do disco – Cabaré Mineiro, Belo Horizonte, MG.
- “Festival de Arte Negra” – Teatro Alterosa, Belo Horizonte, MG.
- “II Festcanto JK” – Diamantina, MG.
- “Encontro das Américas”, Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG.
- “Abolição, uma questão de verdade” – Teatro UEMG, Belo Horizonte, MG.
- “Festival de Música Étnica” - Teatro Alterosa, Belo Horizonte, MG.
- “O Sempre Amor” - Teatro Clara Nunes, com Rui Moreira, Bete Arenque, Rodrigo Silva, Letici Carneiro, Marcio Alves e Tereza Ricco, Júlia Ribas (baseado na obra de Adélia Prado) Belo Horizonte, MG.
- “Calsberg Music Station” - Estação Central, Belo Horizonte, MG.
- “Compasso Brasil” – (Participação de Ed Motta, Max de Castro, Seu Jorge, Paula Lima, Marina Machado, Júlia Ribas, entre outros). Lapa Multshow, Belo Horizonte, MG.
- “Conexão Telemig Celular” - Teatro Rival com “Seu” Jorge, Marina Machado, Júlia Ribas, Rio, RJ.
- “Conexão Telemig Celular” - com Marina Machado e Júlia Ribas, Belo Horizonte, MG.
- “Especial Rede Minas – 18 anos” - Casa do Conde, Belo Horizonte, MG.
- “Comida de Boteco” - Casa do Conde, Belo Horizonte, MG.
- “Enea - Encontro Nacional dos Estudantes de Arquitetura” - Parque dos Metarlúgicos - Ouro Preto, MG.
- “Música Independente” – Palácio das Artes – Belo Horizonte/MG
- “Gravação do DVD - Toca Brasil” - Ao Vivo no Itaú Cultural – São Paulo/SP.
- “25 Festivale” – Festival de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha - Joaíma/MG.
- “Na Ponta da Língua” – Arte dos Povos que Falam Português – Palácio das Artes - Belo Horizonte/MG
- “Gravação do programa Som Brasil” – Homenagem a Tim mais – Projac / Globo – Rio de Janeiro RJ.